EMÍLIO GOELDI

O naturalista e zoólogo suíço-alemão Emílio Augusto Goeldi (1859-1917), descendente de família da antiga nobreza germânica, era o único filho de Johannes Göldi e de Margaretha Kuntz. Aos 21 anos chegou ao Brasil, a convite de Ladislau Netto, diretor do Museu Imperial. Em 1885 foi nomeado subdiretor da Seção de Zoologia. Permaneceu no Museu por cinco anos, publicando diversos trabalhos de pesquisa e artigos sobre temas variados, com destaque para estudos de répteis, insetos, aracnídeos, mamíferos e aves. Com a proclamação da república e o exílio de seu principal benfeitor, o Imperador D. Pedro II, o Museu Imperial foi transformado em Museu Nacional e passou por uma reforma administrativa. 

 

Em 1893, a convite de Lauro Sodré, governador do Pará, Emílio Goeldi assumiu a direção do Museu Paraense de História Natural e Etnografia, que se encontrava em estado de total abandono. Sua missão seria a de transformar o museu, fundado em 1871 por Domingos Soares Ferreira Penna, em um grande centro de pesquisa sobre a região amazônica. Desembarcou em Belém em 7 de junho de 1894. Permaneceu à frente do Museu até 1907, desenvolvendo ali um trabalho fundamental. Consolidou sua imagem como um museu científico característico do final do século.

 

Em 1895 criou no Museu o Parque Zoobotânico – mostra da fauna e flora amazônicas para educação e lazer da população. Em 1896 iniciou a publicação do Boletim Científico, com boa repercussão. Durante a gestão Goeldi, o Museu Paraense ganhou respeito internacional, por conta do desenvolvimento de pesquisas geográficas, geológicas, climatológicas, agrícolas, faunísticas, florísticas, arqueológicas, etnológicas e museológicas.

 

Grande parte da Amazônia foi visitada, com a realização de intensivas coletas para formar as primeiras coleções zoológicas, botânicas, geológicas e etnográficas. Goeldi contratou o excelente fotógrafo, desenhista e litógrafo alemão Ernst Lohse, profundo conhecedor do ambiente amazônico, que ilustrou o livro “Álbum de Aves Amazônicas” com sublimes pranchas.

 

Emílio Goeldi publicou também trabalhos relacionados à questão racial, à relação entre natureza e cultura e à etnologia, com destaque para o relato de descobertas arqueológicas na região do Amapá (1895). Desempenhou importante papel diplomático durante o Contestado Franco-Brasileiro, defendendo uma posição favorável ao Brasil na disputa territorial pela antiga Guiana (atual Estado do Amapá).

 

Em 1900 retornou à Europa ainda em função de questões diplomáticas e, em decorrência de sua participação bem-sucedida, recebeu uma homenagem do governo do Estado do Pará, que em 31 de dezembro do mesmo ano mudou o nome do Museu Paraense de História Natural e Etnografia, a mais antiga instituição científica da Amazônia, para Museu Paraense Emílio Goeldi.

 

Em 1907, após treze anos de atividades incessantes em Belém, Emílio Goeldi retirou-se, doente, para a Suíça, vindo a falecer em 1917, aos 58 anos, deixando esposa e sete filhos, sendo que apenas o mais novo, Edgar, lhe deu herdeiros.